ANA VARELA

ANA VARELA

Blazer e vestido Elisabetta Franchi


ANA VARELA


Fotografia MARIA VASCONCELOS

Cabelos e Makeup TOM PERDIGÃO

Styling SÉRGIO ONZE

Produção FRANCISCO BRAVO FERREIRA

Agradecimentos
Savoy Palace, The Cliff Bay Madeira, Turismo da Madeira, Restaurante Avista, Design Center Nini Andrade Silva

 

 

                                              Vestido Alves Gonçalves Brincos Elisabetta Franchi

                                                                                                                                                                                     Camisa Diogo Miranda Saia Elisabetta Franchi

 

                                Blazer Mango Vestido (lantejoulas) Pinko Vestido (tule) Dino Alves  

                                Brincos Carolina Curado                                                                                                  Vestido Luís Carvalho Brincos, earcuff e anéis Carolina Curado

 

 

Camisa e corpete Gabriel Daros

 

 

Fato Luís Carvalho Camisa Diogo Miranda Botas Loncghamp

 

 

                                         Casaco Kimono Diogo Miranda Vestido Ricardo Andrez

                                                           Brinco Carolina Curado Botas Guess

                                                                                                                                          Casaco Alves Gonçalves Vestido Ricardo Andrez

 

 

Colar Elisabetta Franchi Vestido Diogo Miranda

 

“DEIXAR PORTUGAL
E MUDAR-ME PARA OUTRO PAÍS SERIA, POR SI SÓ, UMA FORMA DE ME REINVENTAR PROFISSIONALMENTE.”

 

Como entrou no mundo da representação? Quando olho para trás, e relembro a história que me trouxe ao mundo do actor, soa-me sempre a magia do destino… Eu tinha vindo para Lisboa estudar Economia há pouco tempo e fui parar a um casting aberto para uma série da RTP1, onde estavam à procura de novos talentos. Sem experiência, sem nunca ter trabalhado com um guião na minha vida, fui passando todas as eliminatórias e fui seleccionada para uma das protagonistas da série. Congelei a minha matrícula na faculdade, com intenções de voltar no fim da rodagem da série, mas a verdade é que tudo na minha vida mudou a partir daquele momento. Quando comecei a preparar a personagem, a trabalhar o texto, a contracenar, a aprender as técnicas de TV, a trabalhar com a câmara, eu percebi que iria ser actriz para o resto da minha vida, que tinha encontrado o meu verdadeiro caminho. É algo que se sente, não se explica. No fim da série, em vez de voltar à faculdade, tive a coragem de fugir da rota, arrisquei no mundo desconhecido da representação, fiz formações e comecei a trilhar o meu percurso.

Passou a ser mais conhecida do grande público por ser protagonista de uma novela. Se tivesse de escolher um único palco seria o da TV, do teatro ou do cinema. Porquê?

É impossível escolher (como é impossível escolher qual das minhas duas filhas gosto mais!!). O Cinema, o Teatro e a TV são exercícios diferentes e que permitem ao actor, na minha opinião, explorar-se na sua totalidade, versatilidade e elasticidade. Em 2020 gravei em televisão o ano inteiro. Gravava, em média, 20 cenas por dia, de forma descontínua (ou seja podia estar a gravar episódio 5 e a seguir gravar episódio 68), em estados emocionais por vezes antagónicos (numa cena podia estar a festejar o nascimento de um filho e na cena seguinte estar a chorar a morte de um amigo próximo). Gravava todos os dias, 12h por dia, e quando chegava a casa, às 20h, ainda tinha de preparar todas as cenas do dia seguinte. É muito intenso, o actor precisa de ser organizado, focado, rápido, elástico para fazer face a esta velocidade da televisão. Este ano filmei a próxima longa metragem do António-Pedro Vasconcelos, que estará nos cinemas no próximo ano. Filmámos, em média 2, 3 cenas por dia de rodagem, o que nos permitiu trabalhar as cenas em conjunto com o realizador, pensar nelas com tempo, chegar a estados emocionais mais profundos, trabalhar o detalhe, o pormenor. Em Cinema a linguagem é diferente e a técnica adequada às câmaras usadas e ao meio de reprodução (uma tela gigante!). Em cinema é preciso saber esperar, trabalhar a gestão de energia, a contenção. No Teatro não há barreiras, podemos extravasar, fazer em grande, não existem os limites da câmara. A personagem vive no nosso corpo, inteira, em toda a sua amplitude e enche uma sala.

As novelas são transversais a todas as gerações e nem sempre o controlo parental é possível, algumas porém abordam temas menos adequados considerando o publico mais jovem. Como mãe e actriz, como lida com este fenómeno?
Na minha opinião, não existe nenhum tema abordado numa novela, série ou filme que não deva ser falado e explicado em casa. A comunicação entre pais e filhos é a base da formação de um jovem enquanto indivíduo. Além disso defendo que a cultura tem um papel importante na educação e na desmistificação de muitos temas na sociedade.

Se para continuar a sua carreira de actriz fosse necessário imigrar, deixaria Portugal para outro país ou preferiria reinventar-se profissionalmente?Deixar Portugal e mudar-me para outro país seria, por si só, uma forma de me reinventar profissionalmente. Um desafio que ponderaria certamente!

Qual é a sua relação à moda? Acompanha tendências? Como define o seu estilo?
Nunca fui uma fashion-victim, sempre tive uma relação saudável com a moda. Tenho um estilo bastante clássico. Gosto de peças simples, versáteis e intemporais; prefiro cores neutras a padrões. Faz-me todo o sentido o apoio à moda nacional, às micro coleções, à slow-fashion. Já para não falar no incentivo ao up-cycling e ao uso de materiais orgânicos.

Quais são as suas rotinas de beleza? Aos 33 anos, como vê a democratização da cirurgia estética? é adepta?
A minha rotina de beleza começa na alimentação, no consumo de água, na prática de exercício físico 13 e numa rotina de sono saudável – para mim são os pilares da saúde do nosso corpo e da beleza da nossa pele. Faço limpezas de pele, hidrato-a muito bem e uso sempre protetor no solar no rosto – aos 33 anos já percebi que o sol é o melhor amigo do envelhecimento da pele. Ocasionalmente faço alguns tratamentos de estética não invasivos como o laser e a radiofrequência. De momento não penso, nem sinto necessidade, de recorrer à cirurgia estética. Prefiro uma beleza natural mas não condeno ninguém pelas suas escolhas. Acima de tudo, temos de nos sentir bem!

Influencer ou Ativista? O seu envolvimento poderia levá-la à política?
Qualquer um (dos conceitos), desde que feito com paixão, verdade e respeito! Se sentisse que seria uma mais valia, trazendo valor à comunidade, não vejo porque não. Mas não está nos meus planos.

A Ana optou por uma alimentação vegan, essa decisão estende-se aos seus filhos? Almoçam na cantina ou levam consigo as suas refeições? É fácil jantar fora quando se é Vegan? Exemplo de um dia de cardápio Ana Varela.

Eu fui migrando para uma alimentação vegan por variadas razões (ambientais, saúde, intolerâncias alimentares) mas as minhas filhas mantêm as suas opções em aberto. Em casa, têm a oportunidade de conhecer uma alimentação vegetal mas na escola e nos restaurantes podem escolher o que mais gostam. Terão tempo para fazer as suas próprias escolhas. De manhã adoramos fazer panquecas de banana, ao almoço comemos hambúrgueres vegan (os preferidos delas são os de beterraba), fazemos um lanche com iogurte vegetal e aveia e jantamos um caril de legumes, com grão de que tanto gostam.

A preservação do meio ambiente começa em casa com hábitos conscientes. Quais são os da sua família?
Sim, os nossos hábitos em casa têm uma grande influencia no ambiente. Para mim o segredo 14 está numa alimentação com base vegetal (é das mudanças de hábitos que significa uma maior redução de dióxido de carbono para a atmosfera), em reduzir o desperdício alimentar, em poupar água e reduzir o consumo de electricidade, em recusar ao máximo tudo o que é descartável (a caixa de comida take-away, as cápsulas de café, a água engarrafada, os guardanapos de papel), em reutilizar tudo o que existe em casa, minimizando o nosso consumo, e em diminuir a quantidade de resíduos que produzimos, reciclando tudo o que pode ser reciclado. Em nossa casa também compostamos tudo o que é orgânico.

Esse seu envolvimento com a redução da pegada ecológica e estilo de vida inerente, já a levou a sentir-se marginalizada? A maioria dos seus amigos partilha das suas opiniões alimentares, de consumo etc., foi frequentemente tema de debate?

O meu estilo de vida suscita mais curiosidade do que marginalização normalmente. É um tema muito recorrente, seja entre familiares, amigos ou até colegas de trabalho. Sinto que cada vez mais pessoas estão preocupadas com a sustentabilidade do planeta e dispostas a fazer alterações ao seu estilo de vida (como eu fiz!). A maior parte das vezes só não sabem bem por onde começar… Aliás, foi devido a todas as perguntas que normalmente me colocam e à curiosidade acerca do tema que criei o greenlittlesteps.com e passei a falar mais sobre educação ambiental e redução da pegada ecológica.

Existiu algum momento chave que a fez consciencializar-se da necessidade de mudança de estilo de vida ou como explica este seu despertar?
Não há um momento em específico. Primeiro despertei para a questão da saúde na alimentação; depois deparei-me com o problema da poluição por plástico no ambiente e quis reduzir a quantidade de embalagens descartáveis que comprava; deixei de comer carne e peixe; mudei para um carro eléctrico; comecei a compostar em casa; criei a minha própria horta; etc. São os meus #greenlittesteps e aconteceram para mim desta forma. Para outra pessoa, pode acontecer de uma forma completamente diferente. O importante é começar! Não se trata de ter um estilo de vida sustentável à prova de bala, mas sim de aprender a fazer escolhas melhores e conscientes, a cada dia que passa.

Os carros eléctricos ocupam cada vez mais quota de mercado mas existe ainda algum cepticismo quanto à preferência… pouca autonomia,
custo de aquisição elevado, dificuldade de carregamento, design e oferta reduzidos entre outros. Como responde à estas duvidas?

Segundo a Federação Europeia de Transportes&Ambiente, um carro eléctrico em Portugal emite menos 66% de dióxido de carbono que um a gasóleo e menos 68% que um a gasolina, considerando o ciclo de vida completo de cada carro – desculpem os números e as percentagens mas eu vim de Economia! São números demasiado sérios para manter qualquer um preso ao cepticismo. Os carros eléctricos já vão até 500km de autonomia (o meu BMW i3 tem 300km); existem vários incentivos fiscais à sua aquisição (desde subsídios à aquisição, isenção do imposto sobre veículos e isenção do Imposto de Circulação); os postos de carregamento são cada vez mais e até já existem pontos de carregamento super rápidos, capazes que carregar 80% da bateria em 45min. A migração para a mobilidade eléctrica é uma realidade e é indispensável para reduzirmos a nossa dependência dos combustíveis fósseis, assim como, uma forma de chegar à tão necessária neutralidade carbónica.

Como é que vê a multiplicação das ciclovias em Lisboa e noutras cidades Europeias?
É maravilhoso! Perfeito! Andar a pé, de bicicleta, de trotinete, mobilidade partilhada, transportes públicos e a mobilidade eléctrica são os tipos de mobilidade que devemos considerar. A poluição do ar afecta a nossa saúde, a nossa qualidade de vida, para não falar que a crescente poluição urbana está a acelerar o aquecimento global. Com maise melhores ciclovias, além de poupar o ambiente, fazemos exercício físico! É perfeito!

Fale-nos sobre Green little steps.
Em 2019, lancei o greenlittlesteps, onde partilho esta mudança ecológica no meu estilo de vida; onde provoco a consciência ambiental e onde tento desfazer alguns mitos (lançando questões como: será o plástico o verdadeiro problema?
Ou sim a forma errada como o consumimos e o descartamos? Será a reciclagem um penso rápido para o excesso de consumo? Um estilo de vida é mais caro?), onde partilho as minhas histórias e onde dou dicas e sugestões para quem também quer minimizar o seu impacto no planeta onde vivemos. São artigos que me dão mesmo muito gosto escrever e que têm tido uma óptima receptividade!

Máscaras de protecção anti covid e sustentabilidade? O que tem a dizer?
Aqui entra a questão da responsabilização e da cidadania. Eu uso e defendo o uso de máscaras reutilizáveis certificadas mas quem usa máscaras descartáveis tem de assumir a sua responsabilidade por elas! É chocante o número de máscaras que encontro todos os dias no chão.

Para além da reciclagem do lixo, quais são os outros pequenos gestos que marcam a diferença e que todos nós, na opinião da Ana, deveriamos adoptar como rotina?

Como já partilhei, na minha opinião devemos repensar a nossa alimentação. Devemos reduzir o consumo de carne e peixe na nossa dieta. A mudança não tem de ser drástica. Eu costumo sugerir que, num primeiro passo, cada família reduza o número de refeições diárias com proteína animal para uma por dia; depois de aprender a fazer refeições só com vegetais e descobrir a proteína vegetal, o consumo de proteína animal 15 pode passar a 3, 4 refeições semanais; e, numa última etapa, podem comer carne e peixe apenas quando vão comer fora, por exemplo. Devemos também repensar a forma como nos vestimos, a forma como nos deslocamos e a quantidade de resíduos que produzimos.

Globalização e sustentabilidade são, na sua opinião, conceitos antagónicos?
São, os dois juntos, um grande desafio sim. Mas se a conseguirmos globalizar as práticas sustentáveis já vencemos. Julgo que, acima de tudo, devemos repensar a sociedade e a forma como procuramos o crescimento económico a todo o custo. Devemos e precisamos entender que se esgotarmos os recursos naturais e degradarmos o ambiente à procura desse tão desejado crescimento económico não teremos condições para viver. Precisamos de uma mudança de mind-set global.

Vida saudável, profissional de sucesso, mãe, amiga, mulher bonita, a imagem que a Ana passa é de um percurso sem falhas. Para o comum dos mortais não se sentir tão imperfeito, pode confessar-nos uma faceta da Ana que o público desconhece.

O meu percurso está longe de estar isento de falhas… Já passei por momentos bastante difíceis e desafiantes na minha vida, tanto a nível pessoal como a nível profissional, como qualquer um de nós. Todos nós temos um lado solar e uma lado lunar – como diz o Rui Veloso na canção de 95. No meu lado lunar, lado sombra, também existem inseguranças, dúvidas, medo de falhar, de não estar à altura, tanto nos meus desafios profissionais, como no meu papel como mãe. Talvez a maior parte das pessoas pense em mim como uma pessoa extremamente social, por exemplo, por ser simpática e de sorriso fácil, mas a verdade é que sou bastante introvertida. Tenho bastantes momentos de recolhimento em que preciso de parar, de me isolar, de me escutar para poder cuidar de mim.

Tem algum modelo (figura pública) que a 16 influencia/ou no seu percurso?

Claro que sim. Posso destacar duas grandes mulheres que para mim são uma inspiração: a Catarina Furtado pela garra com que defende as suas causas; a Beatriz Batarda pela actriz e professora incrível que é.

Mulher e mãe de 2 filhas. Como definiria o feminismo?
Neste momento, vejo o feminismo como um meio para atingir o fim mais justo e desejado: a igualdade de direitos e deveres. Não é o único meio. A educação das camadas mais jovens no sentido da igualdade é fundamental.

Quais são os destinos de fim de semana e de férias em Portugal que mais gosta?
Gosto acima de tudo de destinos em que possa estar rodeada de Natureza. Amo Sintra, o Gerês, a beleza do Alentejo, adorei os Açores e a maravilhosa ilha da Madeira, que serviu de palco a esta produção fotográfica com a EDIT. Portugal é um país maravilhoso, somos uns sortudos!

Fotografou para a revista Edit na Madeira. Já conhecia a ilha? Existe algum lugar em especial onde gostaria de voltar.
Já conhecia sim. No início deste ano, visitei esta ilha, pela primeira vez, com duas amigas! Ainda me falta conhecer Porto Santo, fazer uma caminhada numa leveda e descer num cesto!! Ainda vou voltar uma terceira vez!

A Ana publica varias fotografias suas na pagina de IG e foi escolhida para ser capa desta edição de aniversário da revista Edit, inegavelmente aprendeu a gostar e a trabalhar a sua imagem. Numa sociedade onde as redes sociais participam para um glamour de exposição, muitas marcas optam no entanto por modelos de beleza menos convencional, até disruptiva, aprova? Como interpreta este paradoxo?

A beleza não são os padrões de beleza tidos como comuns por uma sociedade, num determinado momento da história. A beleza é imensa, relativa, volátil. Acho óptimo que se aposte em modelos disruptivos, pouco convencionais, que se quebrem barreiras. Não devemos viver reféns dos padrões tidos como ideais. Eu pelo menos não vivo. Aprendi a trabalhar com a imagem, gosto da minha imagem e aprendi a aceitar-me como sou. Acho que esse é o caminho.

Em tom de confidência… quando esteve na Madeira não se sentiu nem uma vez tentada em provar o prego no bolo do caco ou umas espetadas de carne à madeirense? E qual foi a sua experiencia gastronomica nesses dias que a fizeram salivar?

Ahaha Na realidade não. No À Vista, o Hummus de Beterraba Assada e o Tofu com Jus de Legumes estavam deliciosos, para não falar no Risotto de Ervas Frescas da Quinta do Design Centre da Nini Andrade Silva. Com opções vegan assim, é impossível sequer pensar em voltar comer carne!

 

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