O Cinema e a Arquitéctura

Arquitéctura

O Cinema e a Arquitéctura

Cinco Filmes onde a beleza visual e a arquitectura  assumem um papel de protagonista

A seguir, apresentamos cinco filmes, em que os espaços internos desempenham mais que o simples papel de cenário.

 

Parasita

O  enorme e recente sucesso de Parasita, premiado filme do cineasta coreano Bong Joon Ho, trouxe para o foco da crítica de cinema a relevância da arquitectura e dos espaços interiores. Como poucos filmes conseguem fazer, a obra-prima de Ho ultrapassou os limites entre os dois campos disciplinares a ponto de podermos afirmar, sem exageros, que a arquitectura não está lá apenas como cenário, mas assume papel de protagonista em muitas cenas. Mas, apesar de fazer isso com competência ímpar, Vencedor de quatro Oscars, Parasita reafirma a forte relação que existe entre a arte do cinema e a arquitectura, os seus cenários tornaram-se foco de discussão em meios especializados de ambas as disciplinas. A opulenta casa da família Park, com os seus materiais refinados, mobiliário minimalista, atmosfera austera e amplo jardim, é contraposta à sombria imagem do lar da família Kim, um covil parcialmente subterrâneo de aspecto erodido e cuja única janela se abre para o nível da rua. Parasita não é o único filme a atribuir aos interiores elevada importância; diversas obras cinematográficas já o fizeram antes, e com semelhante êxito.

Realização: Bong Joon Ho

Ano: 2019

Arquitéctura

 

LA GRANDE BELLEZZA

Há algum tempo que não deparávamos com um filme tão abrangente a níveis artísticos e culturais como este La Grande Bellezza, de Paolo Sorrentino, o mesmo homem que há anos esteve por trás de um quadro intimista sobre uma das enésimas páginas negras da história política italiana, Il Divo: A Vida Espectacular de Giulio Andreotti. Nesta sua nova obra, a mais pretensiosa até à data, o autor decide criar uma panóplia de “sabores” e de requinte visual, referenciando tudo e todos e preenchendo com todas as metáforas e dilemas que tem a seu alcance. Esta ambição que vai desde o visual, o técnico e o filosófico é ao mesmo tempo uma divagação pelas ruas e monumentos de Roma, captando a sua beleza e em busca da sua alma celestial.

Realização Paolo Sorrentino

2014

 

Birdman 

Também vencedor de quatro Oscars, Birdman é um filme de interiores. Filmado de modo a parecer que (quase) todo o filme consiste num único plano sequência, o filme passa-se quase que inteiramente no interior de um teatro, onde a companhia dirigida por Riggan, o protagonista, realiza os seus ensaios e apresentações. Ele próprio cada vez mais perto da loucura, labirintos mentais se confundem e reflectem nos labirintos do teatro, cujos espaços se tornam cada vez mais estreitos, apertados e claustrofóbicos.

Realização: Alejandro G. Iñárritu

Ano: 2014

 

Uma História de Amor

Her passa-se em um futuro não muito preciso, em que o protagonista Theodore se apaixona por Samantha, um sistema de inteligência artificial personificado por uma voz feminina. À diferença de outros filmes de ficção científica que se apoiam nos objectos e elementos de design para caracterizar o futuro, Her é um filme que fala de emoções e atmosferas que faz através de escolhas precisas, mínimas e até banais dos elementos materiais que aparecem em cena. O apartamento de Theodore reflecte o estado de espírito da personagem: recém divorciado, deprimido, Theodore parece ver naquele espaço um lugar temporário, não se preocupa em desencaixotar parte de seus pertences. As cores do filme também contribuem para criar uma atmosfera específica: superfícies, materiais e a própria luz de vermelho e tons alaranjados, criando um ambiente agradável e quente para a personagem.

Direção: Spike Jonze

Ano: 2014

 

O Grande Hotel Budapeste

Os filmes de Wes Anderson costumam agradar aos olhos de arquitectos e fotógrafos, mostram as composições do plano perfeitamente simétricas e espaços que parecem mesclar passado e o presente, realidade e fantasia. O Grande Hotel Budapeste não é diferente, os seus interiores exuberantes repletos de texturas e cores saturadas contribuem para dar ao filme o típico aspecto surreal de outras produções de Anderson. O filme mostra as mudanças históricas na Europa que ocorreram durante os anos 20.

Direção: Wes Anderson

Ano: 2014